A cardio-oncologia é uma área da medicina que vem ganhando destaque nas últimas décadas. Com o avanço dos tratamentos oncológicos, muitos pacientes têm vivido mais — mas esse progresso trouxe um novo desafio: os efeitos colaterais cardiovasculares causados por alguns medicamentos contra o câncer. Nesse cenário, surge a cardio-oncologia, uma especialidade que une cardiologistas e oncologistas no acompanhamento integral do paciente.
O que é cardio-oncologia?
A cardio-oncologia é a especialidade médica responsável por prevenir, diagnosticar e tratar complicações cardiovasculares em pacientes com câncer, tanto durante como após o tratamento oncológico.
Essa área surgiu da necessidade de lidar com os efeitos cardiotóxicos de terapias como:
- Quimioterapia
- Radioterapia torácica
- Imunoterapia
- Terapias-alvo
O objetivo principal é oferecer um tratamento oncológico seguro, minimizando riscos cardíacos e garantindo qualidade de vida ao paciente.
Por que a cardio-oncologia é tão importante?
A importância da cardio-oncologia reside na detecção precoce de problemas cardiovasculares relacionados ao tratamento do câncer. Estudos mostram que:
- Cerca de 30% dos pacientes oncológicos desenvolvem algum tipo de complicação cardíaca.
- Medicamentos como a doxorrubicina (quimioterápico) podem causar insuficiência cardíaca.
- A radioterapia na região do tórax pode levar a fibroses e danos nas artérias ccoronárias além de calcificação nas válvulas a longo prazo.
- Sem acompanhamento adequado, o risco de eventos como infarto, arritmias ou AVC aumenta significativamente.
Principais objetivos da cardio-oncologia:
- Prevenir doenças cardíacas antes de iniciar o tratamento oncológico.
- Monitorar a função cardíaca durante a terapia.
- Tratar complicações cardiovasculares agudas ou crônicas.
- Reabilitar o paciente após o fim do tratamento.
Fatores de risco cardiovasculares em pacientes oncológicos
Alguns pacientes apresentam maior predisposição a desenvolver complicações cardíacas durante o tratamento do câncer. Os principais fatores de risco incluem:
- Idade avançada
- Hipertensão arterial
- Diabetes
- Colesterol elevado
- Tabagismo
- Histórico familiar de doenças cardíacas
Além disso, a presença prévia de cardiopatia pode ser agravada pelos tratamentos oncológicos, exigindo um acompanhamento multidisciplinar.
Como funciona o acompanhamento cardio-oncológico?
O cuidado cardio-oncológico ocorre em três fases principais:
1. Avaliação pré-tratamento
- Realização de exames como ecocardiograma, eletrocardiograma e exames laboratoriais.
- Identificação de fatores de risco.
- Planejamento individualizado de tratamento.
2. Monitoramento durante o tratamento
- Avaliação contínua da função cardíaca.
- Adaptação da terapia conforme necessário.
- Uso de medicamentos cardioprotetores quando indicado.
3. Acompanhamento pós-tratamento
- Identificação de efeitos tardios no coração.
- Prevenção de complicações crônicas.
- Estratégias de reabilitação cardiovascular.
Medicamentos oncológicos com potencial cardiotóxico
Alguns dos fármacos mais associados a efeitos colaterais cardíacos são:
| Medicamento | Tipo de Câncer Tratado | Possível Complicação Cardíaca |
| Doxorrubicina | Mama, linfoma, leucemia | Insuficiência cardíaca |
| Trastuzumabe | Câncer de mama HER2+ | Insuficiência cardíaca |
| 5-Fluorouracil (5-FU) | Colorretal, gástrico | Vasoespasmo coronariano |
| Ciclofosfamida | Linfoma, mieloma múltiplo | Miocardite |
| Radioterapia torácica | Pulmão, mama, linfoma | Doença arterial coronariana, pericardite, valvopatias |
A importância da multidisciplinaridade
A cardio-oncologia se destaca pela atuação conjunta de diferentes profissionais da saúde:
- Cardiologistas: Avaliam e tratam os efeitos no sistema cardiovascular.
- Oncologistas: Definem o melhor protocolo contra o câncer.
- Nutricionistas e fisioterapeutas: Atuam na prevenção e recuperação funcional.
- Psicólogos: Oferecem suporte emocional durante o tratamento.
Essa abordagem integrada e centrada no paciente promove melhores resultados e maior segurança terapêutica.
Avanços e tecnologias na cardio-oncologia
A tecnologia tem papel fundamental no avanço da cardio-oncologia. Alguns exemplos incluem:
- Ecocardiografia com strain: avalia precocemente alterações na função do coração.
- Biomarcadores cardíacos: como troponina e BNP, úteis no monitoramento.
- Inteligência Artificial: usada para prever riscos cardíacos com base em dados clínicos.
- Ressonância magnética cardíaca: diagnóstico preciso de lesões estruturais.
Esses recursos contribuem para decisões mais rápidas e eficazes, especialmente em pacientes de alto risco.
Como prevenir complicações cardíacas em pacientes com câncer
A prevenção é uma das principais estratégias da cardio-oncologia. Algumas medidas recomendadas são:
- Avaliação cardíaca antes do início do tratamento.
- Controle rigoroso da pressão arterial, glicemia e colesterol.
- Prática regular de atividades físicas supervisionadas.
- Adoção de uma alimentação balanceada e anti-inflamatória.
Parar de fumar e reduzir o consumo de álcool.
Conclusão
A cardio-oncologia representa uma resposta inovadora e necessária ao avanço dos tratamentos oncológicos. Ela garante que os pacientes não apenas sobrevivam ao câncer, mas também mantenham a saúde do coração durante e após essa jornada. Com uma abordagem preventiva, personalizada e baseada em evidências, essa especialidade salva vidas e melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
FAQ – Perguntas frequentes sobre cardio-oncologia
O que é a cardio-oncologia?
É a especialidade médica que previne e trata doenças cardíacas em pacientes com câncer.
Quais tratamentos oncológicos afetam o coração?
Principalmente a quimioterapia, a radioterapia torácica e algumas terapias-alvo.
Todos os pacientes com câncer precisam de acompanhamento cardiológico?
Não necessariamente, mas aqueles com fatores de risco cardiovasculares devem ser monitorados de perto.
A cardio-oncologia trata apenas efeitos colaterais?
Não. Ela também atua na prevenção e no acompanhamento pós-tratamento.
Onde encontrar um especialista em cardio-oncologia?
Hospitais com centros de referência em oncologia geralmente possuem equipes multidisciplinares com essa especialidade.